Palavrinha estranha
Sem grande beleza
Não inspira confiança
Não pressupõe singeleza
Ansiedade é o aperto
Que trazemos no peito
Que freia o sonho
Que desenrola o novelo
Pois ao pensar
Palavra após após palavra
Momento após momento
Sentimento após sentimento
O ansioso já criou
Em si um mundo
Já rezou um terço
Já entrou em desespero
Pois a ansiedade
É uma pequena lupa
Que torna tudo veneno
Que o mundo deturpa
O ansioso
Sofre duas vezes
Ao pensar que irá sofrer
E ao esquecer de viver
Pois remoer o que não aconteceu
O que não é ato
Tão só potência
Possui nefasta consequência
Ao viver encasmurrado
No eterno porvir
O ansioso, pobre desalmado
Esquece de existir