segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Diálogo em Verso



Presente :)

As primeiras mal traçadas linhas são de minha escrita.
As outras, um presente lindo, que ganhei de um amigo muito querido.
Um diálogo em verso.


Neste exato instante
Uma dor lancinante
De imensa existência
Me assola a torpeza

Ao todo, são poucos
Os anos que já vivo
Mas grande é a solidão
Pela qual expio

Multidão urbana
De lúgubre aspecto
Cujo sorriso amarelo
Mantem seu perfil circunspecto

Prédios, prédios, prédios
Grandes companheiros
Que em seu imenso tédio
São ótimos conselheiros

Observo sua tez cinzenta
Concreto, tanto concreto
Em minha solidão plena
Não sou pessoa, Só espectro

-*-*-*_

Do alto da janela
Dum prédio concreto
Está a mulher com cara de menina
A jogar seus versos retos
Solitária e vazia.

De mãos dadas com a alegria e a tristeza,
Uma em cada ponta,
A menina com cara de mulher franzi a testa
Ao ver toda aquela gente tão indiferente, tão inconseqüente,
Tão diferente...

Assustada, a menina com letra de mulher se esconde nos versos.
Ah, sim! Os versos! Sua eterna companhia, sua mais nobre valia, sua mais triste saída.

No parapeito da alta janela,
Com seu sapato de bailarina,
A mulher com vontade de menina joga sua vida ao mundo
Ao acenar o lenço branco dos versos
E esperar que alguém, quem sabe um dia, com ela seja parecida...

Num dia desses com ventos ininteligíveis,
De sopro sublime,
Caiu sobre a testa
De um homem com cara de menino
A lágrima da menina.

Em total desespero,
Ele olha pra cima e enche o peito:
- Eu também sou assim!
E a mulher com sorriso de menina logo grita:
- Sou tua amiga até o fim!