tag:blogger.com,1999:blog-2828680492736116282024-02-20T09:27:33.633-08:00Verve VorazNão são poesias. Não são versos. Não há pretensão de qualidade. São apenas palavras, desabafos, lixo. Um silêncio gutural.Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comBlogger52125tag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-15392929780838342032015-12-29T09:07:00.001-08:002015-12-29T09:07:40.361-08:00Noites Azuis - Joan Didion<i>“Quando falamos em mortalidade, estamos falando de nossos
filhos.”
Acabei de dizer isso, mas o que isso quer dizer?
Tudo bem, é claro que eu consigo entender, é claro que você
consegue entender, mais uma maneira de admitir que nossos
filhos são reféns da sorte, mas, quando falamos de nossos filhos,
do que estamos falando? Estamos falando do que tê-los
significou para nós? Do que não tê-los significou para nós? Do
que significou deixá-los ir? Estamos falando do enigma que
é a promessa de proteger o que não pode ser protegido? De
todo o quebra-cabeça que é ser pai ou mãe? </i><br />
<i><br /></i>
<i>“O tempo passa.”
Sei, tudo bem, uma banalidade, é claro que o tempo passa.
Então, por que eu digo isso, por que já disse mais de
uma vez?
Estarei dizendo isso da mesma maneira que digo ter vivido
a maior parte da minha vida na Califórnia?
Estarei dizendo isso sem ouvir o que digo?
Será que eu ouvia assim: “O tempo passa, mas de um jeito
não tão agressivo, de modo que ninguém percebe”? Ou mesmo: “O tempo passa, mas não para mim”? Será que eu
não percebia a natureza geral ou a permanência da desaceleração,
as irreversíveis mudanças no corpo e na mente, o modo
como acordamos em uma manhã de verão, menos resistentes
do que antes, e no Natal descobrimos que nossa capacidade de
movimento está esgotada, atrofiada, exaurida?</i><br />
<i><br /></i>
<i>O modo como
vivemos a maior parte da vida na Califórnia, e então não mais?
O modo como nossa consciência desse tempo que passa —
essa permanente desaceleração, essa efêmera resistência —
multiplica-se, propaga-se, torna-se nossa própria vida?
“O tempo passa.”
Será que eu nunca acreditei nisso?
Terei acreditado que as noites azuis durariam para sempre? "</i><br />
<i><br /></i>
Lendo esse trecho de um livro que ainda não comprei, mas o farei assim que a fatura do cartão de crédito virar, percebo que há tantas coisas que perdemos simplesmente por não sabermos apreciar a sua provisoriedade, a sua não-permanência, a sua volatilidade.<br />
<br />
Não tenho filhos - ainda, espero. Já presenciei Mães com os filhos recém-nascido (mães também recém-nascidas, portanto). Mães enfrentando a incalculável dor de perder o mais amado pedaço de si - seus filhos. Esta dor é tão antinatural que não consigo sequer vislumbrar, quem dirá compreender. É algo de inenarrável, de irrespirável, de inimaginável.<br />
<br />
Suponho que ter um filho é lidar de frente com o que somos, em contraposição ao que desejaríamos ser. Como não transferir para tão pequena criatura todas as expectativas do Mundo? Como permitir que um filho vá para o Mundo, desprotegido, com a carapaça tão fininha que qualquer coisa pode atingi-lo?<br />
<br />
São pensamentos soltos, que me assombram nesse momento, em que chove e a solidão parece se delinear. Um novo ano se divisa, repleto de possibilidades e promessas. E, mais do que nunca, a vida me parece uma nudez absoluta e absurda. Como nos proteger? Como proteger aqueles que amamos?<br />
<br />
E a felicidade, nisso tudo? São apenas noites azuis, de um passado imemorial?<br />
<br />Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-18313143773599986252015-02-15T12:55:00.002-08:002015-02-15T12:55:51.819-08:00É carnaval...E eu nem quero saber<br />
Só quero descansar<br />
Ler, dormir, escrever<br />
Nada de samba no pé<br />
Marchinha, frevo, axé<br />
Sem fantasia ou abadá<br />
As energias só quero<br />
Recarregar<br />
<br />
É estranho quando a gente não se identifica com as ditas tradições do seu país: não gosto de carnaval, como creio ter ficado claro. Futebol acho uma chatices, nada mais do que 22 caras suados...e cuspindo em rede nacional. A copa me deixou entediada e só consegui pensar que enfim uma oportunidade pelas escolas de samba arrasarem e fazerem uma hiper abertura. Só conseguimos sentir vergonha alheia de nós mesmos, diante da apresentação digna de festa de fim de ano da pré escola.<br />
<br />
Não amo calor. Me incomoda, a gente fica suado, grudando, a roupa não cai bem, tudo fica mais difícil em matéria de viver em São Paulo, por exemplo. E tem as novelas...A última que eu acompanhei foi 4 por 4 e o ápice da minha cultura novelística é o clássico dos clássicos: Vamp! Como esquecer Natasha, Matosão e Matosinho...<br />
<br />
Mas não sei o que se passa no Big Brother, no Pânico, no Faustão. Sou chata, intelectual? Não. Só nasci meio que fora de época, de lugar, de temperatura. Não tem certo e errado. Tem o esquisito...tipo eu...e os outros...Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-44019746258166982672014-01-17T10:31:00.001-08:002014-01-17T10:39:51.407-08:00VerdadeBate no peito<br />
Fora de compasso<br />
Toques e repiques<br />
Dores e dissabores<br />
Erros, não acertos<br />
Silêncio, silêncio...<br />
<br />
No branco da existência<br />
Vem o desespero<br />
Prestando condolências<br />
Ao intranquilo passageiro<br />
Do corpo<br />
Fora de si<br />
<br />
Lágrimas secaram<br />
Mas há a chuva<br />
E os banhos demorados<br />
Para relembrar<br />
O peito, alquebrado<br />
Como chorar<br />
Por tudo<br />
Por si<br />
<br />
As dores foram sendo varridas<br />
Oprimidas e escondidas<br />
E tal qual os fogos de Copacabana<br />
Um dia irromperam<br />
Desavisadamente<br />
Dilacerando o peito<br />
E a alma<br />
Outrora dormente<br />
<br />
Pois não se pode enganar<br />
As dores e frustrações<br />
O peso dos sonhos<br />
Quebrados<br />
As vicissitudes<br />
Do destino não vivido<br />
<br />
Há que se encarar a podridão<br />
Dos ossos desenterrados<br />
Das emoções e<br />
Das dores <br />
Em decomposição<br />
<br />
Exorcizar as dores<br />
E os dissabores<br />
Só é possível<br />
Ao parar de disfarçar o lixo<br />
Com um arranjo<br />
De floresFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-22265709006500958502014-01-02T06:54:00.002-08:002014-01-02T06:54:16.913-08:00A vida nos prega peças<br />
E verdades que dávamos como certas<br />
Se mostram já anuviadas<br />
Nubladas, embaçadas<br />
<br />
A leitura de pessoas e situações<br />
Que sempre foi um talento nato<br />
Se tornou em diversos casos um tormento<br />
Um pequeno obstáculo, um descalabro<br />
<br />
<br />Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-30414689196399016902014-01-02T06:36:00.000-08:002014-01-02T06:36:12.358-08:00QuebraO tempo vai passando<br />
Em um descompasso sem fim<br />
Dias e anos, meses, minutos<br />
Fugindo, transfigurando<br />
Minha vida, alheios a mim<br />
<br />
Décadas já vivi<br />
E quase nada apreendi<br />
Olho no espelho e penso<br />
Quem raios é essa aqui?<br />
<br />
O cordão umbilical de outrora<br />
Esteio que ligava ao porto seguro<br />
Se converte em âncora<br />
Em obstáculo<br />
De meu caminho para o mundo<br />
<br />
Mitos que me guiavam<br />
Crenças cegas sem fim<br />
Segurança que confortava<br />
Quebraram-se em mim<br />
<br />
Já não carrego mais certezas<br />
Apenas dúvidas e questões<br />
Abro-me a pequenas sutilezas<br />
Apreendendo novas sensações<br />
<br />
Para onde vou, já não sei mais<br />
Como serei, já não sei<br />
Não sei se creio no que vejo<br />
Nada mais é como penseiFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-19481155603246901532013-12-20T09:34:00.001-08:002013-12-20T09:34:52.817-08:00AtônitaCacofonia<br />
Que agonia<br />
Gera em mim<br />
Esse eterno sair<br />
E entrar<br />
De informações<br />
Barulhos e dados<br />
Sons e ilusões<br />
Confusões<br />
A me exasperar<br />
Com suas desconexões<br />
Meu raciocínio<br />
Tão linear<br />
Onde o certo<br />
E o errado<br />
Andam par a par<br />
O incerto<br />
Não pode<br />
Jamais imperar<br />
A rotina é o bálsamo<br />
A acalmar<br />
O turbilhão de pensamentos<br />
De dados<br />
De tormentos<br />
Que invadem meu cérebro<br />
A todo momento<br />
Sem pedir licença<br />
Sem avisar<br />
E aqui ficam<br />
Rodando, rodando<br />
A me exasperar<br />
E eu sigo<br />
Paralisada<br />
Sem saber o que<br />
De mim<br />
No meio dessa cacofonia<br />
Sem ter como<br />
Me desligarFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-81384453656197005252013-09-06T09:10:00.001-07:002013-09-06T09:13:00.294-07:00Tão só nãoTer um tempo só meu<br />
Sozinha<br />
Sendo somente eu<br />
Sem expectativas<br />
A preencher<br />
Sem meias palavras<br />
A desvendar<br />
Sem olhares anuviados<br />
A compreender<br />
Sem presenças outras<br />
A perturbar<br />
A placidez de minha alma<br />
A doce liberdade<br />
De estar plenamente só<br />
Com meus sentimentos<br />
Meus pequenos tormentos<br />
Tolos desalentos<br />
Com o conforto<br />
De saber que a qualquer momento<br />
Quando a liberdade virar sufoco<br />
Posso retornar<br />
Para a vida<br />
Com a mente recuperada<br />
Com a fé renovada<br />
Com a alegria<br />
A ser compartilhada<br />
Com os que saão<br />
Tão parte de mimFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-89135957622984997372013-09-04T11:15:00.001-07:002013-09-04T11:15:10.328-07:00Amor IÉ tanto amor<br />
Que transborda<br />
De minha alma<br />
Se solta<br />
Irradiando<br />
Uma luz<br />
Que traz em si<br />
Um silêncio<br />
Tão pungente<br />
Quanto mil cacofonias<br />
Soando ao mesmo<br />
Tempo<br />
Esta coisa que pára<br />
Sempre que estou<br />
Ao lado seu<br />
E me esqueço<br />
Do que sou<br />
Do que eu<br />
E viro nós<br />
Porque quando a sós<br />
Com tanto amor<br />
Nada me assusta<br />
Senão essa força<br />
Toda essa luz<br />
Brilhante figura<br />
Um único olhar<br />
E me desanuvio<br />
Me desintegro<br />
Me esqueço<br />
Me rendo<br />
Me desconheço<br />
Para tanto, basta um sorriso<br />
SeuFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-16640465647281547702013-08-30T09:46:00.001-07:002013-08-30T09:46:48.926-07:00ShhhhhSuponho que friozinho na barriga<br />
Seja agradável<br />
Nos lembra que a vida<br />
É para sentir<br />
E não se ficar parado<br />
O mesmo não se pode dizer<br />
Entretanto<br />
Do fogo<br />
Na boca<br />
Do estômago<br />
Essa irriquieta queimação<br />
Que tira do compasso<br />
Mente e coração<br />
A fogueira na boca<br />
Das entranhas<br />
Nada tem de centelha divina<br />
É a peso da mente em chamas<br />
Resultado do coração que clama<br />
A volta da paz perdida.Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-919732368117253072013-08-27T10:41:00.000-07:002013-08-27T10:41:36.227-07:00AnsiedadePalavrinha estranha<br />
Sem grande beleza<br />
Não inspira confiança<br />
Não pressupõe singeleza<br />
<br />
Ansiedade é o aperto<br />
Que trazemos no peito<br />
Que freia o sonho<br />
Que desenrola o novelo<br />
<br />
Pois ao pensar<br />
Palavra após após palavra<br />
Momento após momento<br />
Sentimento após sentimento<br />
<br />
O ansioso já criou<br />
Em si um mundo<br />
Já rezou um terço<br />
Já entrou em desespero<br />
<br />
Pois a ansiedade<br />
É uma pequena lupa<br />
Que torna tudo veneno<br />
Que o mundo deturpa<br />
<br />
O ansioso<br />
Sofre duas vezes<br />
Ao pensar que irá sofrer<br />
E ao esquecer de viver<br />
<br />
Pois remoer o que não aconteceu<br />
O que não é ato<br />
Tão só potência<br />
Possui nefasta consequência<br />
<br />
Ao viver encasmurrado<br />
No eterno porvir<br />
O ansioso, pobre desalmado<br />
Esquece de existirFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-17345419112737619432013-07-24T05:25:00.001-07:002013-07-24T05:25:30.980-07:00Lidando com a dorO que fazer<br />
Com esse buraco no peito<br />
Que só faz crescer<br />
Com essa ânsia<br />
Na boca do estômago<br />
Que sem cerimônia<br />
Me ceifa as esperanças<br />
Dá um nó nas entranhas<br />
Instalando um desassossego<br />
Em meu coração<br />
<br />
Como lidar<br />
Com a solidão<br />
De se amar quem lhe responde<br />
Com a incompreensão<br />
Não se deve esperar<br />
Atitudes elevadas de uma pessoa<br />
Tão humana quanto nós<br />
É preciso saber perdoar<br />
Ainda que as lágrimas corram<br />
Quando estamos a sós<br />
<br />
E torcer para que o coração<br />
Pobrezinho, cicatrize<br />
Que a dor, amenize<br />
Que esses dias<br />
Tão, tão tristes<br />
Sejam apenas lembranças<br />
A esquecer<br /><br />
<br />Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-17409724744460716372013-07-03T11:15:00.002-07:002013-07-11T10:29:21.804-07:00Menina-mulherSer mulher<br />
Em um mundo bruto<br />
Quase imundo<br />
De fluxo ininterrupto<br />
De devassidão<br />
Onde ser feminina<br />
Não é opção<br />
Possível<br />
Admissível<br />
Aceitável<br />
Admirável<br />
Onde a delicadeza<br />
Redunda em fraqueza<br />
Onde lágrimas são motivos de vergonha<br />
Onde somente o que impera<br />
São gritos e afrontas<br />
Onde nada de bom se espera<br />
Do outro, do próximo<br />
Ser mulher<br />
Em um mundo duro<br />
Onde os homens mandam<br />
As pessoas sangram<br />
Vidas são ceifadas<br />
Infâncias são maculadas<br />
Acreditar na beleza<br />
Esperar a delicadeza<br />
De um sorriso desinteressado<br />
O calor, do abraço apertado<br />
Ser mulher<br />
Em mundo de homens<br />
É não se deixar consumir<br />
É não aceitar, é não cair<br />
Nessa espiral<br />
De desrespeito geral<br />
É responder com amor<br />
A ofensa recebida<br />
É espalhar a gentileza<br />
Por toda a vida<br />
Ser mulher<br />
É jamais deixar<br />
De ser meninaFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-63805059036265448862013-06-26T12:36:00.001-07:002013-06-26T12:36:11.512-07:00Plenitude (im)possívelE assim com coração cheio de esperança<br />
Tal qual uma criança<br />
Faço rimas fáceis, quase tolas<br />
Dando risadas altas, soltas<br />
<br />
Olhando a vida de peito aberto<br />
Com o céu a descoberto<br />
Sem nada a me guiar<br />
A não ser o sonho de caminhar<br />
Para algum lugar<br />
<br />
Onde eu possa ser verdadeira<br />
Onde eu possa ser inteira<br />
Onde os sentimentos sejam plenos<br />
Onde mesmo os sofrimentos sejam coesos<br />
<br />
Porque sinto falta da coerência<br />
Do educar pelo exemplo<br />
Me assusta a inteligência<br />
Dos que enganam sem desassossego<br />
<br />
Pois quero a vida doce<br />
Dos que fazem tudo sem nada esperar<br />
A não ser a plenitude<br />
De se viver sem desperdiçar<br />
<br />
Desperdiçar a vida que todos temos<br />
E poucos sabemos como levar<br />
Perdendo tempo com o que pouco importa<br />
Deixando as pequenas dádivas<br />
Nos escapar<br />
<br />Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-4014155828841509262013-06-20T12:40:00.002-07:002013-06-20T12:40:35.475-07:00?Creio ter o perdido<br />
A habilidade de escrever versos<br />
Não sei o que há comigo<br />
Tantos sentimentos desconexos<br />
<br />
Talvez nunca tenha realmente sabido<br />
Escrever coisa alguma<br />
Talvez seja somente a descoberta<br />
Da verdade nua e crua<br />
<br />
Sinto-me perdida e frustrada<br />
Sem saber o que fazer<br />
Não estou pronta<br />
Não estou apta<br />
Não sei como sofrer<br />
<br />
Melancolia é uma coisa outra<br />
Certo vazio sei sentir<br />
Meia dúzia de lágrimas<br />
Escorrendo salgadas<br />
Sem vontade alguma de sorrir<br />
<br />
Mas o que fazer quando dói a alma<br />
Quando o futuro soa negro<br />
Quando os prantos já não jorram<br />
Quando tudo é desespero?<br />
<br />Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-47964223683203371312013-02-04T06:31:00.001-08:002013-09-06T09:16:54.846-07:00Primeiro amor<div style="text-align: justify;">
Meu caso de amor com as palavras começou há bastante tempo, há mais de 20 anos. Tinha eu singelos 4 anos e um dia as palavras se revelaram, se desnudaram frente aos meus incautos olhinhos e me deram acesso a um mundo mágico, compreensível, seguro. Não que eu fosse superdotada ou algo do tipo, mas fui uma criança muito chata e insistente, que se entediava facilmente e que precisava de estímulos constantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, nasci em um momento complicado para a família e meus primeiros anos foram estranhos e difíceis, com uma série de adaptações e inseguranças. As pessoas que me cercavam fizeram o melhor que podiam, me dando todo o amor do mundo. No entanto, minha hipersensibilidade já despontava e eu logo percebia que não pertencia a lugar algum, que era diferente das outras crianças, pela minha própria natureza e pelas circunstâncias da vida. </div>
<div style="text-align: justify;">
Diante de minha perplexidade para com o mundo, as palavras se mostraram companheiras constantes, a quem eu sempre poderia recorrer, que jamais me deixariam sozinha e que responderiam todas as minhas questões de criança curiosa. Compreensivelmente, minha avó que trabalhava e tinha 8 filhos e minhas tias, ainda muito jovens, não tinham a paciência para lidar com aquele serzinho cheio de expectativas e perguntas desconsertantes que eu mostrava ser.</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, minha avó, essa mulher quieta, complexa e maravilhosa, e minha tia, que estudava para ser professora, começaram a me dar pequenas lições de alfabetização, com paciência e no pouco tempo que tinham. Aos 3 anos já conseguia copiar meu nome, a única coisa que era de fato minha e que me acompanharia por toda a vida, inefavelmente. </div>
<div style="text-align: justify;">
E eis que um dia, como mágica, as palavras do rótulo do xampú colorama se comunicaram comigo. Eu sabia ler! Não fui tomada de assalto com a alegria que julgava que sentiria. Tudo me pareceu muito natural e orgânico - não havia motivo para alarde. Eu simplesmente estava fazendo algo que havia sido destinada a fazer desde sempre e para sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde então as palavras, lidas ou escritas, são meu bálsamo, meu modo de enfrentar o mundo, meu modo de digerir a vida, de tentar compreender as pessoas. Nunca fui muito boa em relação a pessoas, sofrendo de uma ansiedade imensa ao lidar com elas. Talvez por ter lidado com certas perdas ainda muito cedo, talvez por ter mudado minhas condições de vida muitas vezes, ainda muito pequena.</div>
<div style="text-align: justify;">
Carrego em mim certa insegurança e certa noção de não pertencimento desde muito cedo, mas que vem se esvaindo com o tempo. Ao tomar consciência de mim, de onde vim e para onde quero ir, consigo vislumbrar relações humanas mais profícuas e naturais. Nada, nem ninguém, porém, jamais conseguirá fazer frente ao meu primeiro amor, ao meu destino, ao meu porto seguro: as palavras. </div>
Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-20440874042155468992013-01-23T05:59:00.001-08:002013-01-23T05:59:43.461-08:00Amiga velha Abro a porta<br />
Após ruidoso despertar<br />
Ando tropegamente<br />
Sem sequer raciocinar<br />
<br />
Quem chegaria em hora tão imprópria<br />
Para tirar-me do meu sossego<br />
Que visita tão inglória<br />
Aparecendo num tropeço<br />
<br />
Na soleira, lá está ela<br />
Estranha visita<br />
Em suas formas tão plurais<br />
Ilustre desconhecida<br />
<br />
Aperto os olhos, tento focar<br />
Não consigo apreender<br />
O que está a acontecer<br />
Conheço-te de algum lugar?<br />
<br />
Abre-se um sorriso<br />
Sim, sim, já estive junto, contigo<br />
Na infância, há duas décadas<br />
Éramos vizinhos<br />
<br />
Então cresceu e de mim se afastou<br />
Encamusrrou-se e fugiu<br />
Disseram que com a melancolia se encantou<br />
E com ela se foi, ninguém sabe, ninguém viu<br />
<br />
E hoje, como seu sorriso<br />
Novamente se abre<br />
Vim ter contigo<br />
Prazer: meu nome é felicidade!Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-403804345101595412013-01-15T11:59:00.002-08:002013-01-15T11:59:51.134-08:00SoproArde em mim<br />
Pequena chama<br />
Doce esperança<br />
Tal qual brisa matinal<br />
Com cheiro de orvalho<br />
E profunda fragância<br />
De laranjeira, afinal<br />
O futuro se delineia<br />
Em belo horizonte<br />
A tudo o que me rodeia<br />
Ei de construir pontes<br />
Pequenos canais<br />
Onde possa minha missão cumprir<br />
Distribuir delicadezas aos montes<br />
Ajudar o mundo a sorrir<br />
Pois é o que trago em minha fronte<br />
É o que trago toda em mim<br />
Sorrisos, lábios doces<br />
Para viver a vida felizFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-10035865964080201472013-01-15T08:26:00.002-08:002013-01-15T08:26:56.007-08:00RedençãoE eis que o inesperado acontece<br />
O que antes era sofrimento, vergonha<br />
Agora envaidece<br />
A agonia, a tristeza<br />
De repente, se emudece<br />
<br />
A imagem por anos encarada<br />
Como verdade notória e fatal<br />
Se mostra agora esmaecida<br />
Lembrança estranha e não querida<br />
Encerrada como ponto final<br />
<br />
A luta contra a própria natureza<br />
Contra realidade paralela,<br />
Dentro de minha cabeça<br />
Se mostra agora infrutífera<br />
Como negar tanta beleza?<br />
<br />
O jeito desastrado, distraído<br />
A cabeça avoada, tal qual<br />
Pequena doidivana<br />
Se revela agora pelo sorriso tímido<br />
Repleto de esperança<br />
<br />
Pois ser normal não existe<br />
Integrar-se a todos, a tudo<br />
Quer coisa mais triste?<br />
Perder-se no homogêneo fundo <br />
Ser mais uma no mundo<br />
<br />
O antigo desejo<br />
Se mostra agora triste piada<br />
Tão mais lindo e único<br />
Tão mais belo e benfacejo<br />
Aceitar-se e amar-se por inteiro<br />
<br />Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-47536480106727173282013-01-03T11:36:00.002-08:002013-01-03T11:36:24.444-08:00Tão verdade...<div class="quote">
<q class="medium">You either like me or you don’t. It
took me Twenty-something years to learn how to love myself, I don’t have
that kinda time to convince somebody else</q>
<div class="body">
Daniel Franzese </div>
<div class="body">
</div>
<div class="body">
em: http://thatkindofwoman.tumblr.com/post/39477907738/you-either-like-me-or-you-dont-it-took-me </div>
</div>
Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-66859068772273198802013-01-03T11:07:00.002-08:002013-01-03T11:07:59.322-08:00EntremimJá dizia Cecília<br />
em verdadeiro soneto<br />
Não sou alegre, nem triste<br />
Sou poeta<br />
Por inteiro<br />
<br />
Não por escolha<br />
Não por talento<br />
Por fatídico destino<br />
Eu e meu eterno desalento<br />
<br />
A perene insatisfação<br />
Que enfastia minha alma<br />
Que cala meu riso<br />
Que me paralisa as mãos<br />
<br />
Como aprender com a vida<br />
O que nem a escola<br />
Nem mesmo família<br />
Quiça nem Deus<br />
(ó blasfêmia)<br />
Ensina<br />
<br />
A olhar no espelho<br />
Sem subterfúgios, sem traumas<br />
Com minha nua alma<br />
E não entrar em desespero?<br />
<br />
Como desvencilhar-se de sonhos alheios<br />
De padrões que não são meus<br />
De paradigmas outrora válidos<br />
E hoje desfeitos, meros cacos<br />
<br />
Como descobrir-me<br />
Aceitar-me<br />
Amar-me<br />
Ou, quem dera, tolerar-me<br />
<br />
Como se apaixonar por uma ilustre desconhecida<br />
Pessoa arredia e sombreada<br />
Com quem convivi toda minha vida<br />
E de quem não sei nadaFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-1097378172069666552012-12-11T02:52:00.000-08:002012-12-11T02:52:58.912-08:00Dores<div style="text-align: justify;">
No momento, sinto minha cabeça pesada, o maxilar rijo, o mundo parece rodar a toda velocidade, um prego está cravado na minha mente. Tudo dói. Tudo parece difícil. Estou com enxaqueca, nada mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Contudo, isso me fez refletir sobre dores que às vezes batem, que deixam marcas, que carregaremos para sempre.</div>
<br />
<i>Escrito em outubro. Engraçado como as coisas mudam. </i>Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-56206554325794236992012-12-11T02:14:00.002-08:002012-12-11T02:54:12.017-08:00Caso de amorE eis que o ano se despede<br />
A cidade repleta de luzes<br />
Encantada se torna esse amada urbe<br />
Que tanto me apetece<br />
<br />
O sol quente<br />
A noite morna<br />
Sorrisos, abraços, desvarios<br />
São Paulo se transforma<br />
<br />
Natal vem chegando<br />
E parada, no meio do trânsito<br />
Se vê pequenas luzes a faiscar<br />
Em tons de esperança<br />
Na cidade que não pode parar<br />
<br />
Ao colocar a singela guirlanda<br />
Ao montar a pequena árvore<br />
Ao iluminar a varanda<br />
Sinto amor enorme<br />
<br />
Lembranças da infância<br />
A comida, os enfeites<br />
Os presentes, a comilança<br />
Os sorrisos de doce deleite<br />
<br />
O bom filho a casa torna<br />
Aqui nasci, longe cresci<br />
São Paulo nos transforma<br />
E se basta em siFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-36971497751389243582012-12-11T02:07:00.002-08:002012-12-11T02:07:19.534-08:00Curva“O que me atrai é a curva<br />
livre e sensual. A curva<br />
que no encontro sinuoso<br />
dos nossos rios, nas nuvens<br />
do céu, no corpo da mulher<br />
preferida. De curva é feito<br />
todo o universo. O universo<br />
curvo de Einstein. “<br />
<br />
Niemeyer<br />
<br />
Visto em consueloblog.com Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-46800649908778445002012-11-26T04:03:00.001-08:002012-12-11T02:54:59.835-08:00Segunda-feiraE o fim de semana acaba<br />
A diversão desagua<br />
E a vontade de levantar<br />
Desaba<br />
<br />
Como levantar o edredon<br />
Enfrentar a vida<br />
Sem perder a alegria<br />
Sem sair do tom<br />
<br />
O café ajuda<br />
O jornal traz notícias ruins<br />
O tempo enferruja<br />
Lá vem chuva<br />
Ai de mim<br />
<br />
Vontade de dormir<br />
De desabar no sofá<br />
Ai, plena segunda<br />
De-me uma colher de chá<br />
<br />
Na terceira xícara de café<br />
Olho em volta, penso na vida<br />
Ponho-me em pé<br />
Arrumo a cama, esvazio a pia<br />
Tomo um banho morno<br />
E a realidade se avizinha<br />
<br />
E que bela surpresa<br />
O peso da segunda feira<br />
Havia me feito esquecer<br />
O quão feliz é minha vida<br />
O quão bom é viverFernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-282868049273611628.post-42709675163371574432012-11-26T03:59:00.001-08:002012-11-26T04:27:20.907-08:00Le discipline est la victoire de la raison sur la paresse<div style="text-align: justify;">
<i>Sim, sim. A disciplina é a vitória da razão sobre a preguiça. Lema talvez bobo, mera regrinha de autoajuda, mas que fez todo o sentido quando li em algum blog pela internet...Porque a real liberdade, o real livre arbítrio, só existe quando não se é escravo das próprias paixões, das próprias desarrazoadas vontades, gratuitas e sem nexo.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Sou (ou era) a mestre da autoindulgência, das desculpas esfarrapadas, da procrastinação. E eis que a vida entrega a conta e se torna necessário enfrentar o fruto do não-feito, do não-realizado, do tão apenas sonhado: o vazio, a não realização, a insegurança. Chegar aos quase 30 sem grandes metas, sem grandes feitos.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Porque a meta não realizada, não instrumentalizada, não é sequer sonho, mas pura fantasia, semente da frustração. E vem a surpresa: a capacidade de realizar, de atingir, de construir. De olhar o futuro sem medo, de peito aberto, pronta pra tudo - inclusive pra cair e pedir ajuda pra levantar.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Perceber que a sensibilidade e a delicadeza não são fraquezas, mas sim características naturais, intrinsecas e inatas, que fazem parte de mim, do que sou, da vida que estou a construir. Que se mostra feliz e cheia de possibilidades. </i></div>
Fernanda Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07477230329424766616noreply@blogger.com